A Volta de Jesus e Juízo Final
Através das mãos zelosas de Seus enviados celestiais, são as próprias mãos de Deus que se expõem sobre nossos destinos, coroando-nos com o amor do Mestre Jesus, que prepara desde há muito o seu retorno.
Sei o quão profundas são as profecias do Apóstolo João e o quanto em nós ainda é cegueira e abstinência à verdade (verdade esta que desde tão longe vem querendo se expor – e vem se expondo – através de metafóricas lendas e histórias), o que os nossos dias testemunham com dor e nossos corações desejam com esperança.
No entanto, os tempos são chegados e, até mesmo por uma questão profética, é hora de fazer com que os arquivos da nossa história se abram, para o entendimento de todos. Urge que façamos um trabalho intensivo com nossos interiores, no sentido de encaminharmo-nos no mundo para uma concentração única, de amor, serviço e libertação. Esse objetivo, por sua vez, só será alcançado se a flexibilidade mental se instalar e permitir que o conhecimento de nossas origens e de todo (ou parte dele) o mecanismo de atuação cósmica e espiritual que nos envolve seriamente for compreendido, aceito e praticado.
A urgência e a insistência em determinados temas, ainda que nossos discursos se tornem repetitivos, é para que pelo menos os que se inscreveram para o trabalho espiritual desta hora se despertem e se aprontem, cada um para sua devida função, e que se cumpra a vontade dos Céus na vontade do homem. Desta feita, não pouparemos palavras e esforços para propagar o nosso próprio discurso.
Sabemos o quanto Chico Xavier se esquivou de falar no assunto “Volta do Cristo”, ainda que tenha sido ele um dos mais devotos voluntários a cumprir tal tarefa, e eleito para tanto à época em que esteve encarnado como João Evangelista.
Num determinado texto de Jan Val Ellam lemos: “Tempos difíceis foram aqueles vividos pelo apóstolo João, nos últimos dias de sua vida. Procurado a todo momento por muitos cristãos, se esquivava o quanto podia, em se comprometer com ensinamentos que não podia provar serem verdadeiros. No entanto, ao ter a inabalável certeza da volta do Mestre, passou a explicá-la, conforme permitiam as circunstâncias do entendimento à época dos fatos.”
Apesar do comportamento final de João, seu espírito não encontrou a menor necessidade em tocar nesse assunto, até porque poderia tornar-se vítima das condenações humanas. Fosse ele ou não uma das testemunhas citadas nas profecias para o final dos tempos, e no próprio Apocalipse, como poderia ser vitorioso, caso alertasse o mundo a respeito disto?
Ademais, hoje supomos que pertence a outro este encargo divulgador. Notadamente, ao próprio Jan Val Ellam, que tem sido anunciado pela Espiritualidade como o “Adão da Nova Era”. Provavelmente este outro sim, seja uma das duas testemunhas. E o que acontecerá com este? Não podemos dizer, mas não deverá ser nada que ele mesmo não possa contornar, uma vez que as profecias dizem que ambas as testemunhas sairão vitoriosas.
Chico não falava do assunto, talvez por não saber mais sobre isso do que já soube antes. E também para não incitar a vaidade sobre si, uma vez que estamos numa época de muitos falsos profetas, muitos querendo se apossar de verdades que desconhecem até mesmo parcialmente. A salvo os que verdadeiramente se guardam na missão da revelação e do apoio aos reveladores – e mesmo para estes – não é dado a ninguém fazer afirmações em nome de Deus ou de Jesus, e é isso que os falsos profetas querem fazer.
E é justamente por este motivo que mais uma vez pedimos para que se tomem todos os cuidados necessários para não tomarem como verdade absoluta as revelações expostas, aqui ou alhures, mesmo os que vêm através de Ellam.
Bem faz o leitor ou o ouvinte de tais revelações se, em vez de saírem reproduzindo por aí essas notícias, que se voltem para seus íntimos, suas mentes e seus corações e ali plantem, a título de reflexão, o que surge de novo a cada tempo.
Lembremo-nos de que, além de Jan Val Ellam, aceitando-o como uma das testemunhas do apocalipse, há outros que trazem semelhantes notícias.
Do alto da supremacia católica, o Papa João Paulo II, antes de seu desencarne, seguiu trazendo a mesma notícia aos seguidores do mundo inteiro. Sua corajosa postura se firmou, mais especificamente, através da bula intitulada Incarnations Myste-rium (de 29 de novembro de 1998), na qual escreve:
“(...) é preciso permanecer à escuta d´Ele para reconhecer os sinais dos novos tempos e fazer que a expectativa do regresso do Senhor glorioso se torne cada vez mais ardente no coração dos fiéis”.
Por que, se somos capazes de imaginar, o Papa se daria ao trabalho de redigir uma bula com esses dizeres? Por que ele se preocuparia em advertir aos fiéis da sua Igreja quanto ao retorno de Jesus? Não é esta uma posição muito ousada, que expõe o Vaticano à crítica pública – já que, afinal de contas, nada há nessas paragens que indique de fato a volta de Jesus para estes tempos, a não ser os próprios estudos canônicos (nos quais, supomos, o Papa tem lá suas conversas com os dirigentes da espiritualidade maior)? Consultemos, novamente, nossos próprios corações. O Papa revelou aquilo que vem sendo paulatinamente e de modo crescente e cada vez mais insistentemente revelado por muitos, mas aceito por poucos.
Não obstante à ação em Roma, este discurso também está sendo largamente repetido em todas as igrejas protestantes, provando-nos que a mensagem é única, verdadeira e globalizada. E isso ocorre por uma razão muito simples: nada do que seja realmente verdade pode ser tirado ou alterado. Se há, portanto, algo que possamos afirmar com a clareza das escrituras sagradas e dos avanços de nosso espírito rumo à conscientização e libertação de nossas almas, é que Jesus é nosso Mestre, nosso irmão maior, filho de Deus e co-criador com Ele e que voltará, cumprindo sua própria profecia. Não em carne, que isso ele realmente não disse, mas da forma com a qual o Pai Amantíssimo o permitiu mostrar-se na espiritualidade.
Na descrição do profeta Daniel, Jesus em seu corpo cósmico possui um corpo brilhante e dourado, com braços e mãos acobreados, olhos fumegantes e de luz intensa, e voz de uma multidão. E provavelmente é assim que ele se mostrará para todos os que estiverem neste orbe terrestre.
Esta é, de fato, a verdade. Mas poucos a aceitam, porque já não mais damos credibilidade, a não ser àquilo que nos é servido pela mente ilusória.
Observem a relutância da maioria espírita kardecista, por exemplo. Os espíritas, de quem se é esperado todo tipo de notícia, espetacular ou não, da espiritualidade, são os que mais resistem à informação. Por quê?
Talvez por verem, na Codificação Espírita (século 19), o próprio retorno do Cristo. Ou ainda, como propagou e propaga o venerável e ilustríssimo senhor do bem e agente da verdadeira fé, Sr. Divaldo Pereira Franco, a quem devemos todo respeito e gratidão, que a volta do Cristo se dará no íntimo de cada um de nós, por ocasião da iluminação pessoal de cada um.
No entanto, o Espiritismo refere-se a outro fato profetizado pelo Mestre Jesus, que atenta para a vinda do Consolador. Sendo o Espiritismo o Consolador, como poderia ser, ao mesmo tempo, o Cristo retornado? E como poderia ser, o retorno do Cristo, algo íntimo, se ele profetizou que viria para que todos os vissem, em seu corpo de glória?
Estranha incompreensão humana que, a despeito de acreditar na vida extraterrestre, prefere dar margem à propagação de algo que já possui em mãos (a Codificação) a considerar a hipótese de não sermos os senhores do Universo ou os donos da verdade.
A que demérito do espírito podemos atribuir tal atitude, se não ao próprio orgulho, este que aqui nos aprisionou, afastando-nos tão grandemente da nossa própria condição cósmica?
Talvez o ser humano tenha se habituado tanto a ser, ele próprio, o fabricante do destino, que não mais admita receber verdades autênticas.
Fiquem atentos aos sinais. Assim como o Mestre disse muitas vezes, quem tem olhos de ouvir que ouça; quem tem olhos de ver que veja! Portanto, espíritas ou não espíritas, aprendam a raciocinar com a lógica que as evidências instigam, e abandonem os preconceitos que os impedem de fazê-lo.
Por mais que estejamos nos fazendo de emissários desta incontestável verdade, é de modo inesperado e desavisado que Jesus retornará. Não há dia e nem hora marcada (com nossas consciências) para que isso ocorra. Melhor, portanto, que cuidemos de nossos espíritos e nos amparemos na verdade e no amor daqueles que servem à humanidade em nome do amor ao Cristo.
A questão fundamental disso é: para onde caminha a humanidade?
Ao que tudo indica, ainda estamos muito cegos com relação a tudo o que foi profetizado, bem como para com o nosso próprio futuro. Podemos reler as profecias, estudá-las e até identificarmos muito bem, em suas palavras, os acontecimentos já ocorridos – como no caso do atentado às torres gêmeas, que no Apocalipse de João está como a queda da Babilônia. Afinal, é relativamente fácil encaixar o que já passou nas metáforas proféticas. Quando se trata do presente ou do futuro, no entanto, somos tomados por um torpor, uma dúvida infinita e, o que é pior, pelo medo do que nos reservam tais imagens.
Esta cegueira, em parte, provém da própria ignorância na qual estamos imersos até a cabeça, em parte na tendência em responsabilizarmos aos outros pelas nossas desgraças, sem jamais nos darmos ao trabalho de perceber nossa própria sombra atuante. Além disso, estamos muito mais distantes da verdade do que imaginamos.
É tempo de o mundo perceber que não somos seres originariamente terrestres ou escuros, como hoje nos apresentamos.
Nossa origem cósmica transcende os limites do orbe terrestre, tanto quanto o da nossa obscuridade mental, coordenada aqui por crenças e dogmas. Os extraterrestres que nos visitam e dos quais tantos têm sentido a presença, nada mais são do que anjos, que já citados na Bíblia; também seres que aqui estiveram desde o princípio dos tempos terrestres com missões várias neste orbe; outros, ainda, com quem já convivemos em outros mundos antes; também os mestres e avatares que se alistaram no concurso de auxílio aos rebelados para ajudar ao despertar desta nossa humanidade.
O próprio Cristo, que habitou entre nós, é um ser extraterrestre, de alto escalão cósmico e muito mais que isso. Ele voltará a estar conosco, para auxiliar Javé na tarefa de “julgar os vivos e os mortos”.
E este julgamento é certo, como é certo o nosso compromisso em amadurecermos espiritualmente e voltarmos ao Cristo, não importa o tempo que isso demore.
Se o homem tem comprometido a própria existência sobre a Terra, colherá os frutos de sua ação ignorante. O sofrimento e o empenho pela busca da verdade, no entanto, poderão salvar alguns de serem retirados em exílio deste orbe por ocasião do jugo divino.
Uma vez expulsos (depois que isso aconteça, pelo que nos informa a Espiritualidade e por graça e misericórdia excelsa do Criador, permanecendo fora da Terra por aproximadamente cinco mil anos), os mais negros de espírito, ou seja, os que, por ocasião da volta de Jesus, permanecerem vinculados ao mal, a Terra será abençoada com a presença predominante da parte tendente ao bem e, também, daqueles seres amorosos e espíritos mais evoluídos que, vindos de outros orbes em nosso auxílio, trabalharão no sentido de criar em nosso planeta uma atmosfera de amor capaz de realizar, na matéria, antigos planos de convivência cósmica.
O segundo paraíso terrestre será destinado apenas aos que aqui permanecerem, já que os outros, expulsos, irão habitar um novo mundo de expiações, de condições inferiores às que temos hoje na Terra, mas adequadas à continuação dos processos redentores individuais e grupais. Na verdade, esse processo já está em curso desde os tempos de Kardec, quando se deu o advento do Espiritismo.
Há muito tempo estamos ouvindo dizer que está na hora de fazermos a escolha: sermos reis entre imundos ou humildes entre reis. As duas opções requerem esforço contínuo, mas nosso futuro depende, exclusivamente, da decisão de Javé e de Jesus, já que cabe a eles executar a aferição sobre nossa condição espiritual.
A verdadeira realidade implícita nesta escolha, portanto, refere-se a aprontarmo-nos urgentemente para continuarmos exercendo nossa evolução, aqui ou noutro mundo. Para que na Terra se cumpra o amoroso propósito de renovação planetária. Lembremo-nos, mais uma vez: “muitos serão chamados, poucos os escolhidos”.
Essa verdade, contudo, não tem a intenção de amedrontar ainda mais as nossas mentes ou os nossos corações, e sim de alertar a todos nós à urgência de nos apresentarmos, sãos e limpos, ao trabalho maior.
Para tanto, somente o amor incondicional, plantado em nossos íntimos, o exercício do perdão (e auto-perdão), a reforma íntima (no sentido de abandonarmos o orgulho, os apegos e as vaidades) e o serviço caridoso ao próximo (no sentido de aceitar e respeitar o próximo conforme suas capacidades e nível de evolução) poderão constar em nossa “lista de afazeres”.
O que nos é pedido, seja qual for nossa posição no mundo, é a implantação de um sistema de reeducação através do qual se dê, ampla e irrestritamente, a aplicação da humildade e da solidariedade (à humanidade e à natureza).
A favor dessa bandeira, hoje atuam neste planeta diversos seres de luz, inclusive, extraterrestres encarnados e espíritos de escol, como Chico Xavier e Sai Baba.
Sai Baba, que é reencarnação de Krishna e Rama, derrama sobre o mundo suas bênçãos amorosas, ao mesmo tempo em que lança no mundo um projeto de educação que devemos observar, estudar e aplicar, como princípio para os novos parâmetros educacionais do mundo inteiro. Seus núcleos se espalham por todo o território global, dentro de normas específicas que impõem o serviço gratuito e a observação rigorosa de seus valores, a saber:
1. verdade
A verdade garante relações confiáveis – interna e exteriormente –, gerando um campo energético favorável à construção dos alicerces que edificam o espírito. Dissolve nódulos criados pela comunicação falha, pela ilusão fantasiosa, pelas incongruências cotidianas e pelas mentes manipuladoras e equivocadas. A verdade, em primeiro lugar, porque ela é libertadora, e por isso libertará o homem de seus próprios grilhões, forjados no calor das crenças, dos dogmas e dos preconceitos, inconcebíveis no Reino Divino.
2. amor
O amor por excelência, incondicional e universal, vibrante e capaz de aproximar – até que lhe provoque a unicidade – o homem à sua divindade. O amor pleno sobrepujará todas as emoções e condicionamentos emocionais, inclinando a raça humana sobre a Terra ao equilíbrio dos corpos, para o centramento e o despertar total do ser.
3. paz
A paz provinda de todas as certezas e resultante da ação coerente e ecológica do homem totalizado. Presente nas sublimações, contemplações, meditações e afins (muito mais como resultante desses processos), a paz faz transpor no homem a concepção de tempo e nos assegura a eternidade “no coração de Deus”. A paz demove do ser humano suas angústias e perturbações; ensina-o a conhecer os momentos e o conduz à palavra correta e ao silêncio renovador.
4. ação-correta
A retidão de caráter, tão exigida no outro e tão negada em si mesmo, que defende, também, as máximas cristãs como “amar ao próximo como a si mesmo” e “não julgar para não ser julgado” se fazem valer neste princípio, bem como todas as leis inscritas nas tábuas de Moisés e as regras morais inventadas e descumpridas pelo homem em suas religiões e filosofias. No entanto, ação-correta pode se definir tão-somente pelo que seu próprio título insinua: agir corretamente.
5. não-violência
O contrário da violência. Resultado de amor e respeito pela própria existência e pela existência alheia. Fruto da consciência igualitária que compreende a humanidade através de olhos e coração fraternos. Inclui a ausência de agressividade, ainda que silenciosa. Inclui também a não-violência à vida, seja ela qual for. Da observação fiel a este aspecto é que surge, no planeta, a corrente que difunde o “viver de luz”, eliminando por completo a necessidade de ingestão de alimentos, que implica, direta ou indiretamente, na violência contra a vida mineral, vegetal e animal.
É claro que todos nós compreendemos o próprio tamanho de nossas pernas. Sabemos até onde podermos “esticar” as nossas possibilidades e flexibilizar as nossas mentes para o exercício de tamanha mudança. Não é justo que se imponha um fardo maior do que cada um possa carregar, mesmo porque, jamais, nem Cristo nem Deus nem ninguém nos exigiu tal coisa. Por isso é que, apesar dos parâmetros dados, cada um, a seu tempo, deve promover o que for próprio e comportável para si. E é também por isso que, não obstante ao jugo do Mestre, permanecer ou não na Terra não faz ninguém melhor do que ninguém, já que estamos todos inseridos num mesmo contexto global, sob o ponto de vista cósmico.
E, afinal, se cogitarmos a volta do Cristo para daqui até 2012, como muitos apontam, o que se prevê para este curto espaço de tempo? O que conseguiríamos fazer, sozinhos, por nossa evolução, que não já deveríamos ter feito nesses últimos dois mil anos?
De acordo com as profecias, o mundo ainda não viu tudo o que havia para ser visto. Cabe a cada um de nós, portanto, avaliarmos o que serve para nossas crenças e o que não serve.
Contudo, devemos orientar nossas crianças, por serem elas o futuro próximo da humanidade, para esta realidade e esta atitude (amorosa, compassiva, humilde, educada, ecológica...). Que elas possam ser exemplos vivos e fiéis da caridade e do amor, tão bem exemplificados por entidades como Gandhi, Chico Xavier e muitos outros. Além disso, devemos buscar o conhecimento cada vez mais amplo para que se sobreponha a Verdade Divina à toda e qualquer verdade pessoal.
O que lhes deixamos aqui, por exemplo, não passa de um mero vislumbre da Verdade, que nos chega através de outras mentes e outros corações, e após muitos anos (e encarnações) de busca resistente e rebelde, apesar de toda ajuda dos grandes espíritos dos mestres. Pode ser o resultado de tantas profecias, de tantos sinais que os tempos nos deram. Mas não passa de uma pequena verdade, que abraçamos temporariamente, até que um esclarecimento maior se some a ela.
A sua verdade, bem como a Verdade absoluta, você deve procurar em muito estudo e, sobretudo, em seu próprio interior.
Por nossa rebeldia, por nossa ignorância e, sobretudo, por nosso orgulho, ainda é nas palavras de Jesus que poderemos encontrar o caminho, já que ele próprio disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”.
O que temos a seguir é uma reprodução de algumas palavras deixadas por Mateus e Kardec. Para que não sejam minhas as últimas palavras, mas sim as deles. E para que não sejam meus os pensamentos de mudança, mas das próprias evidências.
Ora, quando o filho do homem vier em sua majestade, acompanhado de todos os anjos, sentar-se-á sobre o trono de sua glória; - e estando todas as nações reunidas diante dele, separará uns dos outros, como um pastor separa as ovelhas dos bodes, e colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda, - Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: vinde, vós que tendes sido abençoados por meu Pai – etc. etc.. (Mateus, cap.XXV, vers. De 31 a 46)
A Gênese – Capítulo XVII – Julgamento Final
Allan Kardec
Devendo o bem reinar sobre a Terra, será preciso dela excluir os Espíritos endurecidos no mal e que poderiam acarretar-lhe perturbações. Deus já os deixou pelo tempo necessário à sua melhoria; mas, no momento em que este mundo deva ser elevado na hierarquia dos mundos, mediante o progresso moral dos seus habitantes, tendo chegado tal tempo, este lugar será interditado àqueles que não hajam aproveitado as instruções que aí vieram receber; e tal interdição se aplicará não só aos encarnados como aos desencarnados de tal grupo. Serão exilados para mundos inferiores, como antes sucedeu sobre a Terra, com os componentes da raça adâmica; ao mesmo tempo, serão substituídos por Espíritos mais adiantados, é a esta separação que Jesus presidirá, o que é figurado por estas palavras do julgamento final: “Os bons passarão à minha direita e os maus, à minha esquerda”.
A doutrina de um julgamento final, único e universal, que coloque fim a toda a humanidade, repugna à razão, no sentido em que ela implicaria a inatividade de Deus durante a eternidade que precedeu a criação da Terra, e a eternidade que se seguirá à sua destruição. Pergunta-se qual seria então a utilidade do Sol, da Lua e das estrelas, as quais, segundo o Livro de Gênesis, foram feitos para iluminar o nosso mundo. É espantoso que uma obra tão imensa haja sido feita para durar tão pouco tempo e para benefício de seres cuja maior parte estaria de antemão voltada aos suplícios eternos.
Materialmente, a idéia de um julgamento único era, até certo ponto, admissível aos que não procuram a razão das coisas, enquanto se acreditasse estar toda a humanidade concentrada sobre a Terra, e que tudo no Universo fora criado para seus habitantes: ela é inadmissível desde que se tornou sabido que há milhares de mundos semelhantes que perpetuam as humanidades durante a eternidade, e entre os quais a Terra é um ponto imperceptível, dos menos consideráveis.
Por este único fato se vê que Jesus tinha razão em dizer a seus discípulos: “Há muitas coisas que não vos posso dizer, pois não as compreenderíeis”, eis que o progresso da ciência ora indispensável a uma sã interpretação de algumas de suas parábolas. Certamente os apóstolos, São Paulo e os primeiros discípulos, teriam estabelecido outros dogmas se tivessem tido os conhecimentos astronômicos, geológicos, físicos, químicos, fisiológicos e psicológicos, que hoje se tem. Também Jesus adiou o complemento de suas instruções, e anunciou que todas as coisas deveriam ser restabelecidas.
Moralmente, um julgamento definitivo e sem apelo é inconciliável com a bondade infinita do Criador, que Jesus nos apresenta sem cessar como um bom Pai, o qual sempre deixa uma via aberta ao arrependimento, e está pronto a estender seus braços ao filho pródigo. Se Jesus houvesse entendido o julgamento nesse sentido, teria desmentido suas próprias palavras.
E depois, se o julgamento final deve tomar os homens de improviso, no meio de seus trabalhos ordinários, e as mulheres grávidas, pergunta-se com que finalidade Deus, que nada faz de inútil nem de injusto, faria nascer crianças e criaria almas novas nesse momento supremo, no termo fatal da humanidade, para as fazer passar por julgamento ao sair do seio de suas mães, antes que tivessem a consciência de si próprios, enquanto que outros tiveram milhares de anos para se reconhecer? De qual lado, à direita ou à esquerda, tomariam lugar essas almas que ainda não são nem boas nem más, e para quem todo o caminho ulterior de progresso estará para sempre fechado, pois a humanidade não existirá mais?
Aqueles cuja razão se contenta com semelhantes crenças e que as conservam, estão no seu direito e ninguém nem nada tem que objetar a tal direito; mas, não levem a mal que nem todos compartilhem delas.
O julgamento, por via de emigração, tal como foi acima definido, é racional; é fundado sobre a mais rigorosa justiça, visto que deixa eternamente ao Espírito, seu livre arbítrio; que ele não constitui privilégio de ninguém; que uma igual latitude é dada por Deus a todas as suas criaturas, sem exceção, para progredir; que mesmo a aniquilação de um mundo, que traria como conseqüência a destruição do corpo, não causaria nenhuma interrupção à marcha progressiva do Espírito. Tal é a consciência da pluralidade dos mundos e da pluralidade das existências.
Segundo essa interpretação, por via de emigração, a qualificação de julgamento final não é exata, pois que os Espíritos passam por semelhantes depurações a cada renovação dos mundos que habitam, até que hajam atingido um certo grau de perfeição. Não há, pois, falando corretamente, julgamento final, mas há julgamentos gerais, em todas as épocas de renovação parcial ou total da população dos mundos, e em consequência delas se operam as grandes emigrações e imigrações dos Espíritos.