domingo, 11 de abril de 2010

Pedofilia, uma doença de desamor, um pecado mortal

A pedofilia muitas vezes é encontrada no próprio seio familiar. Mas é um mal que afeta a todos e precisa da indignação e da ação de todos para ser extirpada.

O filme A Estranha Perfeita, drama dirigido por James Foley e estrelado por Halle Berry, Bruce Willis, Giovanni Ribisi, Gary Dourdan, Richard Portnow e Patti D'arbanville, conta a história de uma repórter que supostamente começa a investigar o assassinato de uma amiga. Tomada por flash backs de quando era criança e era abusada sexualmente pelo pai, a personagem central da trama demonstra uma instabilidade emocional pela qual parece ser incapaz de manter um relacionamento. Um dos três finais gravados para este filme revela a repórter durante todo o tempo manipulou as demais personagens, conduzindo o público a pelo menos dois fortes suspeitos quando, na verdade, ela mesma teria matado a amiga, que era a única a conhecer a verdade sobre sua trágica infância de abusos frequentes e morte de seu agressor pelas mãos de sua própria mãe.
Apesar de o filme aparentemente desejar enfocar muito mais a questão dos riscos dos relacionamentos iniciados pela internet, o enfoque secundário da questão da pedofilia é extremamente pertinente, uma vez que reflete uma dramática realidade da nossa humanidade, na qual a violência sofrida jamais é esquecida e os traumas causados por ela vão interferir por toda vida no caráter e no psiquismo da vítima.
Porém, nós passamos por consecutivas gerações através dos tempos em que a prática da pedofilia não denotava, exatamente, uma tara ou um risco para a integridade mental de quem a sofria. Em diversos tempos e culturas ocorreram e ocorrem casamentos e relacionamentos sexuais, afetivos ou não, entre pessoas mais velhas e crianças. Em comunidades hindus e muçulmanas, o casamento de homens com meninas de até quatro anos de idade são tidos como prática cultural, embora choquem o mundo ocidental.
A questão da preservação da pureza da mulher é o principal motivo desses casamentos, uma vez que a mulher depois que menstrua passa a ser impura aos olhos daquelas culturas.
Mas não são apenas as meninas as vítimas dessa violência. Os crescentes escândalos e denúncias envolvendo padres católicos cometendo pedofilia contra meninos, em geral coroinhas, não possuem justificativa cultural ou religiosa plausível, é apenas tara. Isto, sem contar os inúmeros e constantes casos de tráfico sexual que afeta tanto meninos quanto meninas e mulheres e no qual o Brasil exerce importante lugar de destaque como fornecedor desses espécimes, que são mesmo tratados como mercadoria.
O problema é que, pertencendo ou não à realidade cultural de uma sociedade, a prática sexual da pedofilia vem causando ao longo das eras sérios abalos no psiquismo das crianças que são vitimadas desta forma. E tais vítimas não estão isentas de traumas mesmo quando o contexto é cultural.
As taras sexuais são e têm sido um dos maiores veículos da propagação do que a difamada Igreja chama de pecado, pois agride à própria vitalidade das pessoas e sua integridade enquanto ser, que é o mesmo que atentar contra o lado mais nobre e divino dos seres.
Em matéria de classificação, a Igreja poderia relacionar este como um pecado mortal, cometido mesmo contra o Espírito Santo. Mas isto se em seu próprio seio não abrigasse representantes flagrantemente pecadores.
Para além das linhas fronteiriças do prelado católico, de suas crenças e suas leis, está a realidade de uma prática doentia e malévola, indigesta para o nível de consciência moral que a humanidade carrega hoje, independente de estar ou não, eu repito, respaldada por circunstâncias culturais.
Assim, como o problema não incide apenas nos meios religiosos, havemos de notar que a doença acomete pessoas com sérios distúrbios no campo moral, provavelmente causados pela carência de amor fraternal, que também é o responsável primeiro pelos males em geral da humanidade.
Como a carência de amor é comum à grande maioria humana, não se poderia encontrar uma medida paliativa para a questão, e por isso, no Brasil, pedofilia agora é crime passível de condenação ao cárcere ou, em alguns casos, à castração química.
Como diz o ditado, “se não vai pelo amor, vai pela dor”.
A pedofilia, assim como outros tipos de doença moral, possui um poder de degeneração social que inclui um escuso movimento de propagação que pode ser chamado de contaminação.
Alimentar bancos de dados com fotos sensuais de crianças, filmes pornográficos envolvendo menores e até conversar a respeito é, por si, a flagrante da necessidade que o doente possui de compartilhar suas experiências com muitas pessoas, pois isto, saber que outros são como ele próprio, o ajuda a alimentar sua doença. E este sintoma talvez seja o mais perigoso tipo de propagação que se dá nos ambientes virtuais da internet.
No Brasil, mesmo que já seja considerada uma prática criminosa, a pedofilia continua ocorrendo à larga. Em primeiro lugar por conta da exploração da pobreza, especialmente, na região nordestina do país onde a menina e a mulher, e depois os meninos e rapazes, como citamos acima, são facilmente transformadas em moeda; depois, por conta da falta de denúncia, pois a maioria dos casos conhecidos se dá dentro da própria família, com parentes próximos, o que inibe a vítima de querer efetuar a denúncia.
Portanto, não importa o seu nível de indignação, revolta e asco para com essa prática terrível. É de sua responsabilidade, tanto quanto minha ou de qualquer um, registrarmos nossa indignação, agirmos efetivamente contra este mal através da denúncia e, acima de tudo, semeando o amor incondicional em nossos corações e atitudes, para que o amanhã seja marcado por gerações tipicamente amorosas, incapazes de cometerem tais atentados contra a integridade da vida.

Snap vira brincadeira de matar

Enquanto esteve incógnita, o jogo do “snap” teve tempo de se propagar à solta entre os jovens. E agora, que já chegou a matar e todo mundo sabe o que significa, qual a sua postura? No fundo, esta é uma questão de educação.


Os desafios adolescentes são conhecidos desde os tempos mais remotos. Na época em que os hormônios afloram e trazem à tona desejos sexuais e uma rebeldia febril contra regras e determinismos, jovens do mundo inteiro buscam maneiras cada vez mais ousadas de testar os próprios limites.
Com um estupendo poder de propagação, os jovens inventam aqui e em pouco tempo a prática já existe ali e acolá.
Foi o que ocorreu com o “snap”, que a princípio era apenas um ritmo da primeira geração de dance music moderna surgido na Alemanha, e se transformou na brincadeira do sexo na Inglaterra, em 2006. Ganhou o mundo e se transformou num dos maiores terrores para pais de adolescentes e também para a polícia, que já se deparou com casos de agressão e morte por causa da referida “brincadeira”.
Trata-se de jogos de pulseiras coloridas que os jovens usam como acessório e que indicam que a pessoa que as usa está disposta a participar de alguma prática sexual, que vai do carinho ao ato sexual completo. A pessoa usa, o outro vem e, se conseguir arrebentar alguma das pulseiras, ganha o direito de ganhar alguma prática que é indicada por uma tabela de cores. Se a pulseira arrebentada for dourada, pode rolar qualquer coisa que se deseje.
Manaus foi palco de tragédia para duas jovens que tiveram pulseiras arrebentadas. Na última sexta-feira santa, a primeira foi morta em Valparaíso, e a segunda foi assassinada no sábado de aleluia, no bairro Morro da Liberdade.
Os “deslimites” a que chegam esses jovens que se expõem ao risco sem sinal de pudor ou respeito à própria integridade física e moral preocupam pais e autoridades, que não sabem como dar um basta à onda.
Quando questionados, os jovens afirmam que não vão parar de usar, mesmo que haja proibição legal, como sugere a iniciativa de muitos vereadores como Beth Sahão, do PT de São Paulo, que protocolou na última quinta-feira, dia 8 de abril de 2010, o projeto de lei que proíbe o uso das pulseiras do sexo em instituições de ensino.
Muitos desses jovens ainda não sabem o significado do uso das pulseiras e o fazem por modismo. Estes, quando questionados, alegam que “ninguém pode obrigar outra pessoa a fazer o que não quer”. Mas os assassinatos em Manaus provam que a coisa não é bem assim. Então, a questão é? Qual a sua postura diante disto?
Mais uma vez, a problemática remete à deficiência trágica no quesito educação, especialmente, no seio familiar, onde os valores morais devem ser transmitidos com mais empenho; mas também nas escolas, onde se aboliu a filosofia, que essencialmente é a busca amorosa pela verdade, e por isso oferece meios de a pessoa desenvolver mais facilmente valores morais elevados, em nome da condução do ser à excelência e à nobreza de caráter.
Afinal, o que sentem por si mesmos os jovens que aceitam participar de jogos onde colocam em risco sua própria integridade?