domingo, 1 de março de 2009

Tempos Difíceis

(escrito em 20/11/08)


Época difícil esta em que temos de lidar com a violência do outro sem permitir que ela nos afete ou incite às represálias.
Se o amor ardesse de forma vívida em nossos íntimos, se nossa luz de alma andasse a iluminar os caminhos à frente e se a verdadeira paz, advinda do alinhamento de todos os nossos corpos e consciências estivesse estabelecida em nós, haveria, também, em nossa voz e nossos gestos, uma ternura infinita para com nossos irmãos de humanidade; uma indignação firme, postural e desprovida de jugo frente às barbáries do ser humano contra o ser humano, do ser humano contra a natureza, do ser humano contra a amplitude divina, incluindo-se suas leis.
Há uma força invisível que vem nos oprimindo por dentro, compelindo-nos a revelar nossa verdadeira natureza interior. Se é ou não a força do Juízo Final que nos ronda e nos afeta psiquicamente, eu não sei; só me cabe considerar a hipótese e cuidar para que minhas próprias reações a isto, seja lá o que isto for, não se abalem ao ponto de me roubarem a sanidade.
A questão é que, pela salvação da razão, devemos buscar a verdade escondida em nosso próprio íntimo, através da meditação, questionando-nos o que há por trás de nossos olhos fechados, como nos ensinou a fazer o mestre Yogananda. Além disso, orar e vigiar sempre: orar pelos que fraquejam se entregando à própria loucura – e pelas vítimas que fazem – e vigiar os próprios pensamentos e ações.
Não podemos pretender que a nossa verdade ou a nossa percepção das coisas, já que estamos sempre tão limitados e equivocados com relação ao divino, sobreponha-se à verdade soberana da Criação.
Entendo que é da tendência humana estacionar a cada insight obtido na vida, como se cada descoberta fosse um fim, e não apenas mais uma fonte de verdade no meio do caminho. E entendo que os equívocos de interpretação acerca do que percebemos a cada estação reveladora muitas vezes causam dramas pessoais e às vezes coletivos, mas este entendimento não significa que eu compactuo com quem cala diante da absurdez humana (consentindo com ela?) ou que saio por aí de braços dados com quem transgride as leis dos homens sob o argumento de estar a serviço de uma lei maior. “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, disse Jesus.
Arre! Deixemos de erguer o volume da voz da própria verdade para podermos ouvir a verdade imortal que sussurra aos ouvidos de nossas almas.
Vejo pessoas fazendo suas descobertas à luz da própria intimidade e reagindo a isso com empáfia, elegendo esta sua descoberta como verdade a ser seguida por todos e, pior, subjugando aqueles que não compactuam com tal “verdade” apresentada. Culto ao ego, culto a quê?
Não bastasse o erro de postura e o equívoco intelectivo, ainda há o fato de que neste mundo não há um único homem ou mulher que não adicione temperos próprios aos sinais do tempo, às mensagens de espíritos ou de fora, ou mesmo às mensagens constantes nos livros sagrados com que nos temos guiado, pois somos moucos e cegos enquanto estamos presos à armadura limitadora da matéria corpórea.
Portanto, não há lucidez na mente encarnada que possa ser plena; tampouco há no outro, como algo que justificasse nos guiarmos pela verdade alheia.
Os tempos chegados, estes em que estamos e sob os quais se revela o pleito do Juízo Final, seja ele pela dureza do sentido gradualístico severo imposto por Javé e seus assessores ao carma da humanidade deste mundo ou pela suavidade com que Jesus deita sua compreensão e misericórdia sobre nossos espíritos doentes, nos devem inspirar tão-somente a produzirmos sem mais retardo o melhoramento íntimo, o despertar da luz interior, a aliança única entre nossa mente encarnada com o Eu Profundo e entre este e o Pai, o deus único e original.
Guiando-nos sempre pelas palavras e exemplos de Jesus, nosso mestre maior, ainda vale lembrar, em Mateus 6: 21, 22, 23 e 34:
“... onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração”.
“... A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas!”
“... Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal”.

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